Trabalhar imagens, reparar o visível
A política da imagem como prática reparadora
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2022.1.41827Palavras-chave:
Política da imagem, Prática reparadora, Estética e política, Cinema queer brasileiro, Os últimos românticos do mundoResumo
Esse artigo, de caráter especulativo, ensaia uma aproximação entre as noções de política da imagem, formulada por Jacques Rancière, e prática reparadora, de Eve Sedgwick. Defendemos que a política da imagem, ao liberar-se da dimensão da denúncia e do conteúdo prescritivo orientado para causar indignação no espectador, pode ser qualificada como uma prática reparadora. O trabalho apresenta dois movimentos: o primeiro busca estabelecer relações entre o que Sedgwick considera uma postura paranoica assentada na “hermenêutica da suspeita” e o regime representativo da imagem descrito por Rancière. Em seguida, explora a proposição da política da imagem como prática reparadora refletindo sobre os modos como a imagem pode estar aberta à indeterminação, ao dissenso e a formas outras de organização do visível, do audível e do dizível. Como desdobramento desses dois movimentos, é apresentada uma análise breve do filme Os últimos românticos do mundo (Henrique Arruda, 2020), obra queer que produz um gesto de reparação concedendo prazeres visuais e produzindo uma rasgadura provisória no que tradicionalmente se concebeu como imagem política.
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