Os sonhos e a vida dos jovens das periferias
Processos criativos na produção cinematográfica em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2022.1.41141Palavras-chave:
Cinema, Juventude, Saúde pública, Narrativas sociais, InternetResumo
As artes são formas de atuação dialógica no mundo, potencializadas pela popularização das tecnologias comunicacionais. Para os jovens, os territórios “real” e “virtual” são complementares na produção fílmica em multiplataformas. Este artigo analisa em 48 filmes do acervo das Oficinas Kinoforum os elementos socioculturais predominantes na produção de jovens (15 a 25 anos) das periferias de São Paulo. Identificou-se as respectivas narrativas sociais, investigando o conteúdo (retórico) e poético (funcional) de cada filme. Nos resultados, emergiram três eixos temáticos: religião-espiritualidade; lazer-utilização do tempo livre; mobilidade-afetividade. As narrativas sociais marcam diferenças entre territórios, bem como a conscientização sobre a falta de infraestrutura e equipamentos sociais básicos inerentes às localidades. Concluiu-se que os filmes evidenciam os modos de vida e os códigos sociais específicos de cada periferia, engendrando uma potente lógica alternativa que busca legitimar direitos sociais, inclusive o de compartilhar suas realidades em filmes, nas telas e na internet.
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