Paulo Emilio Sales Gomes entre seus contemporâneos (1954-1960)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2022.1.41025Palavras-chave:
Crítica de Cinema, Paulo Emilio Sales Gomes, Campo Cinematográfico BrasileiroResumo
Este artigo analisa a inserção de Paulo Emilio Sales Gomes no subcampo da crítica de cinema paulista por meio de seus escritos da segunda metade dos anos 1950. Para tanto, buscamos, de início, descrever a correlação de forças no campo cinematográfico. A descrição do campo nos permitiu rever a validade do esquema que divide a crítica entre “esteticistas” e “críticos-históricos”. Antes que verificar diferenças no pormenor do método de avaliação, argumentamos que a crítica na década de 1950 se dividia, sobretudo, entre sensibilidades políticas distintas. Assim, a pesquisa indica que Paulo Emilio se destaca ao trafegar entre os diferentes grupos da crítica sem aderir integralmente a quaisquer das partes. O corpus analisado neste artigo foi composto por críticas e ensaios sobre cinema publicados na imprensa na década de 1950. Mobilizamos na análise os conceitos de campo e de habitus de Pierre Bourdieu com o objetivo de indicar as condicionantes sociais que explicam, em parte, as tomadas de posição da crítica no período, bem como ferramentas da análise de discurso francesa.
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