https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/issue/feed Comunicação e Sociedade 2022-12-16T16:57:11+00:00 Comunicação e Sociedade comunicacaoesociedade@ics.uminho.pt Open Journal Systems <p><em>Comunicação e Sociedade</em> é uma revista científica da área das ciências da comunicação. Lançada em 1999, esta publicação tem um rigoroso sistema de arbitragem científica. Aderiu ao sistema OJS em 2012 e publica dois volumes por ano (junho e dezembro), em edição bilingue – desde 2013, integralmente em português e em inglês. O conselho editorial integra reputados especialistas das ciências da comunicação de diversos pontos do mundo.</p> <p>A revista <em>Comunicação e Sociedade</em> é editada pelo <a href="http://www.cecs.uminho.pt/">Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade</a> do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Está <a href="https://revistas.uminho.pt/index.php/revistacomsoc/indexacao">indexada em diferentes plataformas e bases de dados de revistas científicas</a>, tanto de âmbito nacional como internacional.</p> https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4001 Estão Representados Mediaticamente, Logo Existem: Protestos de Hong Kong em 2019 no Correio da Manhã e no Jornal de Notícias 2022-12-16T16:56:52+00:00 Célia Belim celiabelim@gmail.com Artur Simões artur.nsimoes@gmail.com <p>Este artigo pretende entender como o <em>Correio da Manhã</em> (CM) e o <em>Jornal de Notícias</em> (JN) representam os protestos de Hong Kong entre 31 de março e 29 de novembro de 2019, conhecendo a agenda que envolve a sua representação e identificando os enquadramentos. Recorrendo à análise de conteúdo, os resultados sugerem uma perspetiva sobretudo neutra de ambos os jornais, denotando-se ligeira inclinação pró-governo do JN e pró-democracia do CM. Também há diferença na seleção de fontes: o JN incluiu fontes em quase 75% das suas notícias, preferindo fontes anti- protesto, ao passo que o CM convocou fontes em quase 60% das suas peças, com tendência para selecionar fontes pró-protesto. Contudo, nota-se, nos dois jornais, a descrição de um cenário violento quer dos manifestantes quer do governo. As causas dos protestos são quase inteiramente atribuídas ao governo ou a indivíduos de Hong Kong, sendo raras as atribuições a elementos externos. É também atribuída a Hong Kong e aos seus cidadãos a responsabilidade pela solução dos protestos. Encontra-se uma descrição tendencialmente negativa tanto do governo como, de forma menos acentuada, dos manifestantes. Apuram-se relações estatisticamente significativas entre jornal e fonte; jornal e menção das causas do protesto; fontes e descrição do comportamento dos manifestantes; descrição do comportamento dos manifestantes e menção das causas do protesto.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Célia Belim, Artur Simões https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3995 A Noticiação de Homicídio Corporativo nos Rompimentos das Barragens da Samarco e da Vale por Sites Brasileiros 2022-12-16T16:56:54+00:00 Gilmar José dos Santos gilmar.santos@ufjf.edu.br <p>Um dos grandes problemas referentes aos homicídios corporativos é a sua neutralização e justificação perante a sociedade. A mídia tem um papel importante nesse processo, pois pode atuar tanto como mobilizadora da opinião pública, quanto favorecendo supressão desses delitos da agenda pública. O surgimento das mídias digitais fez crescer a expectativa de que, com um maior número de vozes que noticiem esse tipo de delito, haveria uma cobertura com diversidade de abordagens e pontos de vista. Nesse sentido, este artigo teve como objetivo analisar como os sites de notícias brasileiros abordaram o conceito de homicídio corporativo nas tragédias-crime da Samarco e da Vale. Para tanto, 318 matérias sobre esses casos, publicadas por sete sites brasileiros, foram estudados por meio da análise de conteúdo, sendo cinco classificados como alternativos-independentes e dois da mídia mainstream. Verificou-se que houve uma grande frequência de noticiação logo após os ocorridos, mas atualmente os fatos tendem a se perder na espiral do silêncio. Notou-se também uma relutância em reportar os casos como homicídio corporativo, sendo mais frequente o enquadramento como acidente ou tragédia. A mídia alternativa-independente demonstrou uma predisposição maior em enquadrar como homicídio, porém demonstrou pouca envergadura para produzir conteúdo próprio. No geral, observou-se uma abordagem que facilitou a neutralização e a ressignificação dos crimes favorecendo as empresas. Não se verificou nenhum esforço para mobilizar a opinião pública para cobrar dos órgãos de justiça a punição aos responsáveis nem a criminalização das empresas.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Gilmar José dos Santos https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3964 A Igreja Universal do Reino de Deus em Notícia: Melodrama e Registo Factual 2022-12-16T16:57:07+00:00 Ester Amaral de Paula Minga ester.minga@gmail.com <p>O polémico estabelecimento da Igreja Universal do Reino de Deus em Portugal deu ensejo a uma cobertura jornalística durante a década de 1990, em que acusações de crimes graves — de charlatanismo a ligações com o narcotráfico e o rapto de crianças — preencheram as páginas dos jornais (G. M. Dias, 2006; R. A. S. Dias, 2016; Farias, 1999; Farias &amp; Santos, 1999; Júnior, 2013; Machado, 2003). Também se observou no discurso jornalístico do período a associação da Igreja a estereótipos sobre o Brasil e os brasileiros e a referência às telenovelas brasileiras, então bastante populares no país. Com o objetivo de observar se estas características se mantiveram ao longo dos anos, analisámos peças publicadas pelos jornais de referência Público e Expresso no início do século XXI (2001 e 2002), em 2010 e em 2017. Inspirada pela análise crítica do discurso e a análise de enquadramentos, e com o suporte teórico da teoria das representações sociais, tal análise permitiu-nos concluir que se mantém as características identificadas nos anos 1990 na cobertura da Igreja, embora a sua presença mediática se tenha atenuado. Por sua vez, a referência às telenovelas revela-se na tessitura do discurso jornalístico, com uma hibridez entre os géneros melodrama e informativo.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Ester Amaral de Paula Minga https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4011 Aparições Políticas de Sujeitos Figurantes em Imagens Fotojornalísticas de Chacinas em Duas Favelas do Rio de Janeiro 2022-12-16T16:56:46+00:00 Ângela Cristina Salgueiro Marques angelasalgueiro@gmail.com Angie Biondi angiebiondina@gmail.com Ana Paula da Rosa aninharosa884@gmail.com <p>A partir de argumentos teórico-críticos advindos do campo da comunicação e da experiência estética, este texto privilegia a análise de um conjunto de fotografias jornalísticas sobre duas operações policiais realizadas no Rio de Janeiro: uma, no Complexo da Maré, em 2014, e a outra, no Jacarezinho, em 2021. Em todas as imagens notamos que os moradores aparecem como figurantes que atravessam o campo de ação dos agentes de segurança em operações, em geral, midiatizadas. O exercício de análise observa que as aparições dos figurantes acabam por desestabilizar os enquadramentos biopolíticos do fotojornalismo que tentam impedir a percepção e apreensão de sujeitos e formas de vida desconsideradas por condições de reconhecimento hierarquizantes e assimétricas. Assim, refletimos como as condições de visibilidade do contexto jornalístico podem ser alteradas pela presença e pelas aparições de pessoas comuns na imagem fotográfica, advindas pela própria presença dos corpos e das pessoas em seus afazeres cotidianos, pelos gestos e olhares, pelas reações não previstas e que, uma vez registradas, interferem no regime enunciativo das imagens. O texto revela, por fim, como a potência política e estética das aparições nas figurações pode ressaltar as nuances entre o visível e legível, permitindo a abertura de uma fratura nos dispositivos acionados para ler uma determinada situação, corporeidades e gestualidades nas imagens.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Ângela Cristina Salgueiro Marques, Angie Biondi, Ana Paula da Rosa https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4002 “Quebre as Regras, Não a Lei”: A Normalização da Brutalidade e o Reforço da Autoridade Policial nas Séries Estadunidenses 2022-12-16T16:56:49+00:00 Melina Meimaridis melinam@id.uff.br Rodrigo Quinan rodrigoquinan@id.uff.br <p>Desde a década de 1950, as séries institucionais policiais estão entre as produções mais populares da televisão estadunidense. Por meio da reiteração da mentalidade do “nós versus eles”, policiais são ficcionalizados como agentes normativos que defendem o “bem”, enquanto o crime é retratado como uma falha moral e individual do criminoso. Além dessas produções recorrentemente ignorarem problemas sistêmicos da sociedade estadunidense que são utilizados para explicar a criminalidade no mundo real, elas também reforçam a autoridade da instituição como detentora da força para manutenção do status quo. Partindo da perspectiva que essas séries atuam na construção e mediação de sentido sobre o papel desempenhado pelas instituições policiais do mundo real e de seus membros na sociedade, estruturamos o texto em torno de dois principais argumentos: (a) as séries reforçam a autoridade da instituição policial, tratando suas ações como inquestionáveis e, mais importante, abrindo espaço para intervenções das instituições policiais do mundo real nos processos de ficcionalização das mesmas; (b) as séries normalizam a brutalidade policial, com narrativas frequentemente justificando atos violentos como uma ferramenta investigativa eficiente, ilustrando normas e burocracias como grandes empecilhos ao trabalho do policial. Ao enquadrar as violações éticas e de direitos humanos como atos eficientes e necessários essas séries contribuem para normalizar alguns dos aspectos mais sujos da profissão.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Dra. Melina Meimaridis, Rodrigo Quinan https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4013 Crime, Cruzados Encapuzados e Justiça (Privada): Arrow e a Exoneração do Vigilantismo nos Média Populares Contemporâneos 2022-12-16T16:56:43+00:00 Jesús Jiménez-Varea jjvarea@us.es Antonio Pineda apc@us.es <p>Como uma forma de combate extrajudicial ao crime, o vigilantismo envolve questões relevantes sobre crime, justiça e o cumprimento da lei, tornando-se um elemento básico dos média populares. Na década de 1980, diversos produtos da cultura popular adotaram uma abordagem crítica ao vigilantismo, como parte da desconstrução do género de super-herói, que incluiu uma reflexão crítica sobre as implicações psicológicas e políticas das motivações por detrás do comportamento dos executores da justiça privada. Nesse contexto, este artigo concentra-se na representação do vigilantismo no conhecido programa de televisão <em>Arrow </em>(Flecha) e analisa a maneira como ele retrata, racionaliza e, em última análise, exonera o vigilantismo como uma resposta justificável à atividade criminosa. A análise empírica se concentra nas várias estratégias retóricas usadas por <em>Arrow </em>para justificar o vigilantismo, como a representação de instituições legais e governamentais como corruptas e ineficientes, as múltiplas razões pelas quais o vigilantismo é praticado e a sanção do combate ao crime privado pelas instituições. Os resultados indicam que o programa oferece uma apologia do éthos do vigilante: <em>Arrow </em>herda a virada sombria dos super-heróis na década de 1980 e o reflexo dos medos da sociedade sobre o crime, no entanto, na visão de mundo do programa, esses medos só podem ser aplacados por vigilantes privados. Ao retratar o estado como ineficiente e/ou corrupto, o espetáculo potencializa ideologias do individualismo e do neoliberalismo antigovernamental. </p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Jesús Jiménez-Varea, Antonio Pineda https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3988 Redes Sociais em Práticas de Delinquência Juvenil: Usos e Ilícitos Recenseados na Justiça Juvenil em Portugal 2022-12-16T16:56:57+00:00 Maria João Leote de Carvalho mjleotec@sapo.pt <p>Na atualidade, o forte envolvimento dos jovens em redes sociais suscita o questionamento sobre potenciais efeitos multiplicadores de riscos e oportunidades para práticas de delinquência. Nem sempre é simples distinguir uma ação online inofensiva, parte integrante da experimentação social/relacional típica da adolescência, de um facto que passa a constituir um ilícito passível de intervenção judicial. Este artigo procura conhecer e discutir como o uso de redes sociais se materializa nos factos qualificados pela lei penal como crime praticados por jovens, entre os 12 e os 16 anos, no quadro da justiça juvenil em Portugal. Recorre-se à análise exploratória de informação qualitativa recolhida em Tribunal de Família e Menores, nos processos tutelares educativos de 201 jovens, de ambos os sexos. Pouco mais de terço da população viu provado o envolvimento em ilícitos com recurso a redes sociais, em três níveis diferenciados: planeamento/organização, execução e disseminação. A participação múltipla em redes sociais é dominante. É significativa a sobrerrepresentação das raparigas enquanto autoras de ilícitos, especialmente com elevado grau de violência, num continuum online-offline. A maioria dos factos analisados, de ambos os sexos, tem no epicentro, a perceção de que a honra pessoal foi atingida e requer reparação. Daí ao ato violento é um passo curto, o que pode levar à reconfiguração e troca de papéis entre vítima e agressor, nem sempre fácil de provar. Para ambos os sexos, as relações criadas a partir da escola dominam a interação entre agressores-vítimas. Mais do que o anonimato que o digital pode proporcionar, transparece a necessidade de afirmação no espaço público e/ou semiprivado, constituindo a ação violenta o catalisador para ganhar respeito pela imediata gratificação, que as redes sociais oferecem, num continuum online-offline que dá corpo à “onlife” (Floridi, 2017) que caracteriza a vida dos jovens no presente.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Maria João Leote de Carvalho https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3981 Violência Online Contra as Mulheres: Relatos a Partir da Experiência da Pandemia da COVID-19 2022-12-16T16:57:04+00:00 Rita Basílio de Simões rbasilio@fl.uc.pt Inês Amaral ines.amaral@uc.pt Sílvio Santos silvio.santos@fl.uc.pt Juliana Alcantara alc.juli@gmail.com <p>Depois de a pandemia de COVID-19 ter sido declarada pela Organização Mundial de Saúde em março de 2020, um conjunto de medidas sanitárias foram adotadas internacionalmente para controlar a expansão do vírus. De entre estas, os confinamentos e isolamentos tiveram como consequência a adoção generalizada de tecnologias de comunicação como mediadoras em todas as situações quotidianas que implicassem contacto físico, do trabalho ao lazer. Para além das várias situações inéditas que a pandemia trouxe, esta adoção generalizada trouxe um contexto sem precedentes no que diz respeito à violência de género online, com particular enfoque nas mulheres. Este estudo debruça-se sobre a forma como as mulheres experienciam a natureza, a prevalência e os impactos da violência online ocorrida durante a pandemia de COVID-19. Com recurso a uma análise temática crítica, esta abordagem qualitativa resultou de entrevistas em profundidade a 30 mulheres vítimas/sobreviventes de violência online durante a pandemia. Os dados permitiram identificar 10 tipos de modalidades dinâmicas e híbridas de violência online contra mulheres. Os resultados deste estudo contribuem, não só para aprofundar o conhecimento sobre este período específico, mas, sobretudo, para a solidificação e tipificação de um léxico relativo à violência online, ajudando a colmatar uma falha existente em Portugal. </p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Inês Amaral https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3984 Tecnologia de Reconhecimento Facial e Segurança Pública nas Capitais Brasileiras: Apontamentos e Problematizações 2022-12-16T16:57:01+00:00 Paulo Victor Melo paulomelo@fcsh.unl.pt Paulo Serra pserra@ubi.pt <p>A partir da identificação e análise de propostas apresentadas por gestores públicos municipais, o presente artigo tece apontamentos sobre a relação entre tecnologias digitais e segurança pública no Brasil. Como corpus de pesquisa, foram selecionados os programas de governo elaborados pelos atuais prefeitos de todas as capitais do país na última eleição municipal (2020) e protocolados no Tribunal Superior Eleitoral. Como principais resultados da análise, apontam-se aqui: a previsão de uso de tecnologias digitais na segurança pública por 15 dos atuais 26 prefeitos de capitais, a pulverização partidária e a diversidade geográfica desses gestores, o ocultamento de potenciais problemas na aplicação dessas tecnologias. Adotando as noções de capitalismo de vigilância (Zuboff, 2018/2020) e racismo algorítmico (Silva, 2019) compreende-se em termos conclusivos que, sobretudo em um país marcado pelo racismo estrutural, as tecnologias digitais aplicadas à segurança pública devem ser pautadas considerando as possíveis implicações éticas, sociais, políticas e culturais, de modo que, na busca pelo combate à criminalidade e por ampliação da segurança, não se perpetue violências contra grupos historicamente discriminados.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Paulo Victor Melo https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4021 “Preciso de Munições, Não de Boleia”: A Guerra Cibernética Ucraniana 2022-12-16T16:56:40+00:00 Tine Munk tine.munk@ntu.ac.uk Juan Ahmad Juan.ahmad2021@my.ntu.ac.uk <p>A invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 demonstrou que a guerra cibernética integra as estratégias militares modernas. Embora o exército russo tenha desenvolvido capacidades e competências cibernéticas ao longo dos anos, a Ucrânia criou rapidamente uma nova e inovadora defesa cibernética que inclui agentes públicos e privados. A utilização de plataformas de comunicação online para chegar às populações, dentro e fora do país, tem sido fundamental para o sucesso militar. O pensamento inventivo permitiu aos agentes utilizar o espaço online e desenvolver novas táticas informáticas para defender o país. A intensa presença online do presidente da Ucrânia, Zelenskyy, contrasta claramente com a do Presidente Putin da Rússia. O Presidente Zelenskyy domina a comunicação online e fala diretamente com as pessoas. A sua constante utilização de plataformas virtuais de comunicação motivou a formação de novos movimentos de resistência públicos e privados assentes no ativismo cívico e numa postura desafiadora contra a agressão russa. Vários grupos não governamentais de hackers, hacktivistas e ativistas criaram uma estrutura de resistência, onde cada um assumiu um papel num sistema nodal, em função das competências e dos níveis de envolvimento. Este artigo abordará como a liderança ucraniana tem desenvolvido um ato de discurso bem-sucedido que tem mobilizado inúmeros utilizadores online interna e externamente. Este ato de discurso permitiu uma nova forma de ativismo cívico online onde os intervenientes online combatem as forças militares — sem serem na sua maioria contratados pelo estado. Nos primeiros 40 dias, este ativismo provou trazer benefícios para a força militar existente defender a Ucrânia. O artigo investiga o papel da Ucrânia na luta de David e Golias e como as iniciativas da Ucrânia têm ajudado a desenvolver a sua defesa cibernética. A investigação assenta em fontes secundárias predominantemente baseadas em teoria fundamentada, onde os dados recolhidos são comparados de forma crítica com o conteúdo teórico. Todos os dados são recolhidos e analisados teoricamente com base nas abordagens sociopolíticas estabelecidas, decorrentes da análise do discurso. Esta investigação tem como horizonte temporal os primeiros 40 dias do conflito, com início a 24 de fevereiro de 2022.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Tine, Juan Ahmad https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4025 A Arte de Macular: Como É Recebido o Artivismo Descolonizador Feminista Pelos Jornais Italianos? O Caso da Estátua de Montanelli 2022-12-16T16:56:36+00:00 Nicoletta Mandolini nicoletta.mandolini@ics.uminho.pt <p>No dia 8 de março de 2019, durante uma manifestação organizada no âmbito do Dia Internacional da Mulher em Milão, membros do coletivo feminista Non Una Di Meno (nem uma mulher a menos) de Milão lançaram tinta rosa lavável sobre a estátua em homenagem ao jornalista italiano Indro Montanelli (1909–2001). O objetivo de expor visualmente o passado controverso do aclamado escritor foi crucial para a ação simbólica do grupo. Apesar de ser uma figura de referência para muitos intelectuais italianos, Montanelli participou na guerra abissínia em 1935 e, como membro do exército fascista, manteve um relacionamento com uma menina local de 12 anos que desempenhou o papel de esposa e objeto sexual. A ação do coletivo, que pode ser rotulada como uma performance feminista descolonizadora, já foi lida como uma forma de artivismo que manipulou a herança artística italiana visando criticar a narrativa vigente sobre o passado colonial italiano. Assim, para compreender o impacto que a ação teve na opinião pública italiana e o progresso para a descolonização mental do país, é crucial uma análise da ressonância que a cobertura jornalística atribuiu ao evento. Este artigo apresenta os resultados de uma análise qualitativa realizada sobre um corpus de 10 artigos de jornal online publicados na sequência da performance artivista sobre a estátua de Montanelli. O estudo utiliza a análise crítica do discurso foucaultiano para identificar as estratégias retóricas utilizadas pelos jornalistas para criticar ou legitimar a ação do coletivo feminista. Entre estas estratégias, é dada particular atenção às técnicas discursivas adotadas para retratar o ato como uma forma de vandalismo ou, pelo contrário, como uma forma de arte. O objetivo é mostrar como o discurso sobre arte versus não arte/vandalismo é usado para confirmar (ou superar) os limites discursivos impostos pelas narrativas ainda dominantes sobre a história colonial da nação, bem como sobre a disponibilidade de corpos de mulheres “alheias”.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Nicoletta Mandolini https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/3825 A Pandemia da COVID-19 e a Potencialização das Desigualdades: Comunidades Ciganas e Meios de Comunicação 2022-12-16T16:57:11+00:00 Aluízio de Azevedo Silva Júnior luiju25@gmail.com Gabriela Marques Gonçalves gabimarques@pm.me <p>Os povos ciganos são uma minoria historicamente excluída, invisibilizada e perseguida nos diferentes países onde se encontram, especialmente se considerarmos o contexto de sua chegada à Europa e os processos de colonização desenvolvidos por esse continente. Diante disso, trabalhamos neste texto os modos como as comunidades ciganas estão sendo impactadas pela pandemia da COVID-19, a partir de discussões das áreas da comunicação e da saúde, bem como de uma visão crítica dos processos mencionados anteriormente. Refletimos teoricamente sobre como essas etnias são atravessadas por múltiplas opressões que as colocam em situação de desigualdade e qual o papel da comunicação em sua inclusão social ou na manutenção de sua exclusão. Destacamos como sua invisibilidade e estereótipos históricos foram aflorados durante a pandemia, aprofundando as relações de desigualdades. A partir de um olhar crítico sobre as relações discursivas, analisamos duas reportagens jornalísticas publicadas ainda em 2020, uma, no Brasil, do jornal goiano <em>O Popular</em>, e outra, em Espanha, do jornal <em>ABC</em> de circulação nacional. A culpabilização das populações ciganas pela disseminação do vírus e seu silenciamento enquanto sujeitos capazes de articular e de refletir discursivamente sobre suas condições e situações no contexto da pandemia foram alguns dos resultados encontrados, mostrando semelhanças nas representações dos povos ciganos no contexto ibero-americano.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Gabriela Marques Gonçalves, Aluízio de Azevedo Silva Júnior https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4066 Para uma História do Jornalismo Literário Português: Repórteres e Escritores ao Longo do Tempo 2022-12-16T16:56:33+00:00 Manuel Carvalho Coutinho manueljoaocc@gmail.com <p>O jornalismo e a literatura mantêm desde sempre uma relação de certa proximidade. Se algumas obras literárias se aproximam do registo jornalístico de relato sobre o presente, também certas reportagens escritas parecem autênticas obras literárias graças a uma narrativa que excede as técnicas do jornalismo convencional. É neste enquadramento que se pode falar de jornalismo literário, um jornalismo escrito por jornalistas (e não jornalismo escrito por escritores ou sobre jornalistas), que, seguindo as regras e exigências que definem a profissão, abre espaço para o uso de técnicas tipicamente associadas à literatura.<br />Portugal possui uma longa história de jornalismo literário e de jornalistas que se distinguem por este estilo. Neste sentido, este estudo procura oferecer uma visão diacrónica do jornalismo literário português através de uma análise do seu desenvolvimento, desde o fim do século XIX e atravessando a Primeira República, o Estado Novo, o pós-25 de Abril, até à atualidade. Ao mesmo tempo, considera-se diferentes exemplos de jornalismo literário internacional de forma a estabelecer uma definição possível para o tema.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Manuel Carvalho Coutinho https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4107 A Narrativa Jornalística no Twitter de um (Não) Atentado em Portugal 2022-12-16T16:56:29+00:00 Eduardo Antunes eduardo.antunes@fl.uc.pt <p>Quinta-feira, dia 10 de fevereiro de 2022, “um estudante de 18 anos foi detido esta quinta-feira pela Polícia Judiciária suspeito do crime de terrorismo, já que estaria há meses a planear atacar os colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa” (Henriques et al., 2022, para. 1). Um caso sem grande paralelo em Portugal, num contexto mediático caracterizado pelo que é imediato e pela crescente importância das redes sociais e média sociais, como o Twitter, inclusive para a circulação de informação. Parte-se de um entendimento do Twitter como uma plataforma relevante para o jornalismo contemporâneo que conecta fluxos de informação entre partes (Bennett &amp; Segerberg, 2012; Sadler, 2018). Foram extraídos 3.577 tweets no espaço de 1 semana desde o caso, das cinco contas oficiais no Twitter com mais seguidores, de cariz jornalístico/informativo em Portugal. Desses, apenas 104 tweets se focam neste particular caso, destacando-se o facto de o <em>Correio da Manhã</em> apresentar o triplo de tweets do <em>Expresso</em>. Este trabalho utiliza uma abordagem qualitativa para realizar uma análise discursiva, com recurso a nuvens de palavras, que representam visualmente a frequência de termos. A identificação de narrativas, inclusive macro e micronarrativas (Lits, 2015; Motta, 2013), orienta este trabalho, que resulta na identificação da macronarrativa da existência de um ataque numa faculdade da Universidade de Lisboa. A narrativa do terrorismo, apesar de comum no corpus geral não é central, já que se encontra de forma não uniforme entre as cinco nuvens de palavras, sendo identificada nas nuvens de palavras da SIC Notícias, do<em> Jornal de Notícias</em> e do <em>Correio</em> <em>da</em> <em>Manhã</em>. A análise desenvolvida procura auxiliar o desenvolvimento de entendimentos sobre as narrativas utilizadas para dar e construir sentido à cobertura mediática deste caso específico sem grande comparação em Portugal.</p> 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Eduardo Antunes https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/4467 Crime, Justiça e Média: Debates Sobre Representações Mediáticas e Desafios Atuais 2022-12-16T16:56:26+00:00 Sílvia Gomes silvia.damotagomes@ntu.ac.uk Thaís Sardá thais.sarda@ntu.ac.uk Rafaela Granja r.granja@ics.uminho.pt 2022-12-16T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2022 Sílvia Gomes, Thaís Sardá, Rafaela Granja